A Dificuldade de Escrever - Relato

Já escrevi e apaguei vários textos e até poemas, na tentativa de criar algo hoje. Achei por bem, escrever dessa experiência. Escrever é um grande desafio, escrever para outras pessoas lerem é ainda maior. Sempre tirei notas boas nas redações escolares, até mesmo no tão assustador Enem, mas já passei por situações como a de hoje algumas vezes:

A primeira que me vem a lembrança é de quando fui escolhida para oradora de sala na formatura de 3º Ano do Ensino Médio, precisava homenagear meus colegas: entre grandes amigas, também estava ali uma grande paixão. 

Eu teria que ler na frente de todos algo que escrevi, foi o que bastou para travar, lembro-me de escrever várias vezes, de perguntar se estava bom para muitas pessoas, de alterar mais tantas vezes e tremer muito ao ler. Foi um lindo dia, porém ouvindo hoje a gravação sinto uma vergonha tremenda, ficou muito ruim, o que me consola é que as palavras sairam da minha cabeça, diferente do cara da sala ao lado, que leu o discurso do Crepúsculo.

A segunda vez foi em 2015, fui escolhida para ser paraninfa pela primeira vez na vida, senti uma emoção tão grande, um orgulho, era uma sala excelente, apesar dos problemas, amava estar ali e até hoje tenho contato com a maioria dos alunos. Eu cobrava demais deles na hora de redigir textos, eram muitas orientações, mas eu quase nem escrevia, o tempo tomado para corrigir provas e redações me impediam de sentar e escrever. Lembro-me de que faltava um dia para a tal formatura, sentei-me na frente do computador e fiz o mesmo tirual de 5 anos antes: escrever, ler, achar uma porcaria, apagar, pesquisar, escrever, ler, apagar e assim, até sair um discurso digno de alunos maravilhosos. Recordo-me de citar Machado de Assis e contar-lhes da minha insegurança de escrever. Guardo essa reminiscência com muita gratidão.

E a terceira vez, a situação era bem parecida com a anterior, faz exato um ano, fui escolhida como paraninfa de um nono, sala que eu chorei quando escolhi por medo e chorei ainda mais ao me despedir porque foi maravilhosa.

Precisava escrever um discurso, novamente muitas pessoas iriam ouvir. As minhas crianças estavam ansiosas por ouvir a minha última aula em cima de um palco e tendo além delas, outros professores e os pais como alunos. Depois de seguir o mesmo ritual, lembro que um sentimento me tocou, tinha acontecido a tragédia com o time da Chape e eu queria passar a eles uma mensagem sobre o amor, acredito que esse tenha sido o discurso que eu escrevi e que, de fato, passei os meus mais sinceros sentimentos, lembro-me de cada rostinho naquele dia olhando para mim, enquanto emocionada recitava um texto com muita poesia.

E hoje, um domingo ensolarado, decidi, enfim, escrever para que outros leiam, não com intuito pedagógico e sim de compartilhar o que sinto e penso, hoje como disse, pensei em vários temas, mas nada saiu, resolvi então, escrever sobre escrever (metalinguística, sua linda). 

E peço desculpas aos alunos que passam por isso nas aulas, ter de escrever para ganhar notas, assuntos que lhe são complicados ou que não lhes significam nada. 

Escrever é um desafio que exige prática, com o tempo ele se torna mais fácil e terá dias que você não conseguirá e tudo bem. Mais importante do que a ortografia e a pontuação é saber expor o que pensa sem ferir ninguém.

Créditos na imagem que foi retirado em: https://papodehomem.com.br/escrever/